Mais tarde-agora, minha fascinação por vozes femininas pode estar associada ao convívio quase majoritário com tias e primas e irmã e mãe e vizinhas e colegas e elas. Hoje Feist, a canadense, Sophie Zelmani, a sueca, ou a irlandesa Dolores O’Riordan e mesmo Ella (quase redundante) e a Billie, quase suprem as ausências das mulheres da minha vida de alguns poucos anos atrás, e eu juro que poderia preencher laudas com nomes d’Elas.
Nas minhas leituras elas tentam, quase predominam, exceto pelo Caio – prin-ci-pal-men-te o Caio, o Fernando Abreu, ou Caio F., o primo careta da Christiane, como costumava assinar algumas cartas. Minha identificação com seus textos é tão intensa que sinto – vezenquando*, ele vivendo nas minhas entranhas.
E depois - ou durante - elas e Ele, ouvindo elas e Ella, eu ouso exteriorizar tanta introspecção – e escrevo: percepção do nada, questionamento coletivo ou só pra não “somatizar”, pois dizem que vira câncer, vai saber... Melhor não arriscar.
Ah! E tem Ela na tela, mas dirigida por ele, aliás, Ele, melhor – outro Ele, o Bergman, sueco (por que mesmo não nasci lá?). Mas isso, isso tem pouco tempo – Sonata de Outono em verão: náuseas, um nó estranho em sábado à noite. Não! Jamais assistirei filmes reflexivos aos sábados à noite outra vez (me contradigo, já vi de novo e novos). Mas a Liv Ullmann (poderia ser Womam, não?) ela é incrível e escreve sobre vida tão sutilmente que me sinto em morte-no-jardim-florido, e releio, revejo-a.
Mas isso tudo (?) faz tão pouco tempo que, quando penso em década de 90, minha memória me apresenta jogo de taco na rua, caminhão de batatas e seus megafones, comprar (e vender) geladinhos, aqueles sucos congelados que levam um tipo de brisa à vida de quem vive nos interiores dos estados e vivem, em verões que hoje, são Bergman.
A coisa cosmopolita que vivo e desejo mais, me remete ao sonho do crescer-na-vida, mas nesse fragmento de vida em papel (?), torno a questionar que vida foi a vivida, qual é a escolhida e pra que lado quero que o furacão me leve, como costumo dizer, no olho do furacão não percebemos sua intensidade, mas o importante é o movimento que ele faz, e sua direção.
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